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Roda de Diálogo debate sobre avanços e desafios para a visibilidade lésbica

A Coordenadoria de Promoção à Cidadania LGBT realizou, nesta quarta-feira (27), a Roda de Diálogo ‘Empoderamento Lésbico’, evento alusivo ao Dia da Visibilidade Lésbica, celebrado em 29 de agosto. A conversa apontou como desafios e avanços a organização, a união das mulheres e políticas públicas voltadas para a segurança das mulheres lésbicas. A atividade aconteceu no auditório da Secretaria Municipal de Defesa e Proteção ao Consumidor (Procon-JP), no Centro de João Pessoa.

O coordenador de Promoção à Cidadania LGBT, Geraldo Filho, ressaltou que, como gestão, o equipamento está sempre acompanhando as lutas LGBTQIPANb+ e fazendo o que for necessário para que as comunidades tenham mais visibilidade e, consequentemente, protagonismo e empoderamento.

“É uma realidade que as mulheres trans e lésbicas são invisibilizadas em vários espaços. Este é um grande desafio que temos. Por outro lado, tentamos garantir que através de iniciativas esse contexto tenha mudanças significativas”, disse Geraldo.

Para a assessora técnica da Coordenadoria, a advogada Elaine Pontes, a sociedade já impõe à mulher uma condição secundária, no caso das mulheres lésbicas as imposições tendem a piorar e inibir a visibilidade. “São muitos os fatores que vão minando a vontade e a oportunidade de as mulheres lésbicas se tornares visíveis, o que já é um obstáculo para gerar o empoderamento”, afirmou.

Mary Regina, coordenadora da Associação das Mulheres Lésbicas Maria Maria e coordenadora da região Nordeste da Articulação Brasileira de Lésbicas (ABL), falou que infelizmente a visibilidade das mulheres lésbicas se dá muito através da violência.

“Há um machismo muito grande que impera. Então, para ela ter um espaço, ocupar um cargo, é um caminho muito longo. Enfrentamos violência primeiro em nossas famílias, depois nas escolas e tudo isso é muito forte porque passa pelos sentimentos. A gente precisa pensar em como chegar nas famílias”, disse Regina.

Militando há muitos anos nos movimentos de mulheres e movimentos negros, a feminista Marli Soares, do grupo de mulheres lésbicas Maria Quitéria, coloca a união e a organização para que o empoderamento seja possível.

“Não é sobre ter consciência do que é o empoderamento. É apreender o conceito de quando você já tem consciência de ter empoderamento e levantar, trazer para junto outras mulheres. Sem esse elo coletivo a gente não anda. Empoderamento é político”, enfatizou.

Já Ana Laura Espínola, representante do Procon-JP, trouxe uma experiência positiva que vivenciou recentemente em Pernambuco, destacando o papel da mulher lésbica como força de movimentação econômica.

“Participei de um evento que reuniu 500 lésbicas no Cabo de Santo Agostinho. Foi um evento que me transformou profundamente. Havia pessoas de todas as idades, sem etarismo. Pude ver o tamanho que a visibilidade lésbica pode ter nesse contexto econômico”, contou.

Conjuntura – Como convidado especial, José Godoy, procurador do Ministério Público Federal da Paraíba, trouxe para o diálogo a conjuntura nacional e internacional deste momento em que vários direitos de populações minorizadas estão sendo retirados.

“Vivemos um momento muito importante e delicado. São forças brutais atacando constantemente as minorias se referindo à conjuntura internacional. Há um neofascismo mundial tirando políticas do controle das comunidades. Por isso, eventos como estes são importantes como canais de debate e fortalecimento”, afirmou.

O secretário adjunto do Procon-JP, Marcos Souto Maior, falou sobre a atenção do órgão com o público LGBTQIAPNb+. “Estamos sempre abertos para os eventos que venham visibilizar e dar a real importância que este público tem para a sociedade”, finalizou.

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