ENTRETENIMENTO

Sine-JP proporciona acesso de pessoas com deficiência ao mercado de trabalho

O Sistema Nacional de Emprego de João Pessoa (Sine-JP) proporciona o acesso de pessoas com deficiência ao mercado de trabalho, como parte da política pública de inclusão social para garantir oportunidades a todos. Além da captação diária de vagas no mercado de trabalho para esse segmento da população, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedest) realizou, no último dia 7, o Feirão da Empregabilidade Inclusivo, em comemoração aos 50 anos de atuação do Sine.

Para o secretário de Trabalho, Bruno Farias, a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho é uma pauta que vai muito além de números. “É sobre garantir dignidade, oportunidades e representatividade. Na Sedest, temos um compromisso firme com essa causa. O Sine João Pessoa tem sido um instrumento essencial nesse processo, promovendo a ponte entre empresas conscientes e profissionais talentosos, preparados para contribuir com o crescimento da nossa cidade. Trabalhamos diariamente para ampliar essas oportunidades, oferecer qualificação e fortalecer a cultura da inclusão como um valor permanente no ambiente de trabalho”, reforçou.

Uma das pessoas empregadas a partir do Feirão da Empregabilidade é a jovem de 22 anos, Emilly Lima, que conseguiu uma vaga de perfumista em uma das unidades da empresa Farmácias Francy. Ela tem experiência na área por já ter trabalhado em outra farmácia e em loja de cosméticos.

A deficiência de Emilly é auditiva, ela tem 30% de audição em um dos ouvidos, mas isto não impede a realização de suas funções. Ela entende que esse tem sido um fator que dificulta seu acesso ao mercado de trabalho, já que passou quatro meses em busca de emprego. “É necessário que as pessoas tenham um pouco de paciência para me entender e para que eu posso entendê-las também”, afirmou a jovem, que sabe se comunicar também por libras, mas, infelizmente, a linguagem não é compreendida pela maioria das pessoas.

Para Emilly, a realização do Feirão da Empregabilidade Inclusivo foi uma ótima iniciativa para contemplar essa parcela da população, beneficiando quem quer trabalhar e quem precisa de funcionários. “Estou muito feliz com esse novo emprego porque queria muito trabalhar nessa área de perfumaria. Minha expectativa é poder fazer um bom trabalho, fazer novas amizades, e que eu possa passar muito tempo na empresa”, comentou.

O gestor de Recursos Humanos da rede Farmácias Francy, Vinicius de Lima, afirma que a empresa tem essa visão de promover a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Inicialmente, a inclusão era para atender o que dispõe a legislação trabalhista sobre cotas. “À medida que as contratações foram feitas, ultrapassamos a quantidade mínima de cotas. Sempre que possível, damos oportunidades às pessoas com deficiência e participamos de eventos que fomentam o acesso ao emprego”, explicou.

Legislação – A Lei nº 8.213/91 dispõe, em seu artigo 93, que empresas com 100 ou mais funcionários estão obrigadas a preencher de 2% a 5% de suas vagas com reabilitados ou pessoas com deficiência. No caso das Farmácias Francy, empresa paraibana que conta com 260 colaboradores e possui unidades em João Pessoa, Cabedelo e Santa Rita, a cota é de oito pessoas.

Com cinco contratações após o Feirão da Empregabilidade Inclusivo, a empresa conta com 15 pessoas com deficiência em seus quadros de trabalho. Foram contratados dois operadores de caixa, uma perfumista, uma farmacêutica e um motoboy. “Durante o Feirão, tivemos outras pessoas interessadas em trabalhar conosco, mas, no momento, não temos vagas para as oportunidades que elas buscam”, relatou o gestor de RH.

Retomada – A assistente social Jessica Rodrigues está feliz pelo seu trabalho como operadora de caixa na rede de Farmácias Francy. Ela é monocular, após sofrer com uma doença que afetou suas córneas, há seis anos. Neste período, Jessica foi agraciada com um transplante de córneas no olho esquerdo, mas passou um tempo para se acostumar, já que não enxerga pelo olho direito.

Por conta disto, ela ficou alguns anos desempregada. Para ela, a deficiência visual foi vista como um entrave aos empregadores. “Acho que há preconceito maior com quem tem deficiência visual. A Lei define as cotas de pessoas com deficiência nas empresas, mas não especifica por tipo de deficiência. Por isso, muitas empresas preferem contratar pessoas que não demandem recursos de acessibilidade”, opinou.

Neste ano, Jessica conseguiu um emprego temporário e, neste mês, começou a trabalhar como operadora de caixa em uma das unidades das Farmácias Francy por intermédio do Feirão da Empregabilidade Inclusivo. “Estou muito animada com esse novo trabalho. A empresa me passou credibilidade e já me falaram que há possibilidade de crescimento. Eu contei sobre a minha limitação no olho esquerdo, mas não haverá problema porque posso usar recursos como aumento de tela do computador, por exemplo. Me senti bem acolhida”, comentou.

Ela avaliou que o sucesso da contratação se deve também à capacitação que recebeu no Instituto dos Cegos da Paraíba, onde participou de palestras para inclusão no mercado de trabalho. “Há pessoas cegas que moram sozinhas, estudam e trabalham. Não há razão para preconceito. Foi muito importante a realização do Feirão pela Sedest para trazer visibilidade a esse segmento da população. Já vieram me falar para eu procurar o INSS para receber benefício, mas eu acho que o trabalho dignifica. Eu quero crescer profissionalmente e estou concluindo minha pós-graduação em Serviço Social”, enfatizou Jessica Rodrigues.

Oportunidades – O diretor de Intermediação do Sine-JP, Welando Lima, afirmou que as empresas sempre estão em busca da mão de obra de pessoas com deficiência. Embora haja demanda de mercado para preenchimento das cotas, ainda há alguns fatores que reduzem o acesso ao trabalho: a escassez de candidatos com qualificação compatível às exigências das vagas, a falta de acessibilidade e adaptações nos ambientes de trabalho e, em alguns casos, a resistência ou despreparo das empresas em promover a inclusão das pessoas com deficiência.

Outra empresa que disponibilizou vagas no Feirão da Empregabilidade Inclusivo foi a A&C, que atua no ramo de serviços de tecnologia da informação e relacionamento com o cliente, e está em processo de contratações de sete colaboradores, na unidade de João Pessoa.

De acordo com a coordenadora de Pessoas, Neirieli Rocha, a empresa preza pela diversidade e inclusão em seu ambiente de trabalho. “Não há nenhum tipo de discriminação em nossa empresa. Temos um olhar singular e amplo, ao mesmo tempo, para a pluralidade em nosso quadro de colaboradores”, ressaltou. A A&C é uma das maiores empregadoras do estado da Paraíba, com mais de 10 mil colaboradores. Apenas em João Pessoa, são contratadas 650 pessoas ao mês, em média.

Investimentos – No último dia 7, durante a realização do Feirão da Empregabilidade Inclusivo, a Sedest lançou o edital de uma linha especial de microcrédito social, “Eu Posso Inclusão”, destinado a pessoas com deficiência e seus parentes em até segundo grau, em linha reta ou colateral. A linha disponibiliza crédito de até R$ 10 mil para pessoas físicas e de até R$ 20 mil para pessoas jurídicas. As inscrições estão abertas até o dia 15 de novembro.

A triagem para o acesso à linha de microcrédito é feita pela Coordenadoria da Pessoa com Deficiência (dentro da Secretaria de Gestão Governamental e Articulação Política). O primeiro contato pode ser feito pelo telefone exclusivo (83) 98762-0040. Também é possível solicitar o cadastro pelo 1DOC, no site da Prefeitura de João Pessoa.