Em uma iniciativa inédita na administração estadual, os povos indígenas passaram a contar oficialmente com representação no Governo de São Paulo e poder de decisão para elaborar políticas públicas para as etnias que vivem no território paulista. Neste sábado (11), em cerimônia na aldeia Renascer Ywyty Guaçu, em Ubatuba, o governador Tarcísio de Freitas deu posse ao cacique Cristiano Awa Kiririndju como coordenador de Políticas para Povos Indígenas do Estado.
“O dia de hoje é um marco, um dia simbólico. Um cacique na estrutura da secretaria trabalhando com o secretário significa voz, oportunidade de trabalhar o orçamento estadual, de trazer recursos para as comunidades e dar efetividade nas políticas públicas, seja na ampliação de programas que já começaram ou outros que sejam aderentes às necessidades dos povos indígenas”, declarou Tarcísio de freitas. “Muito feliz de ter aberto meu dia hoje na casa de reza, um lugar sagrado da comunidade”, acrescentou o governador.
A solenidade também teve a presença do secretário de Justiça e Cidadania, Fábio Prieto e outras autoridades e gestores do Governo de São Paulo, deputados, prefeitos, vereadores e lideranças de cinco etnias indígenas que vivem em 37 territórios no estado. A posse do coordenador foi marcada por uma cerimônia multicultural com apresentações de danças e rituais ancestrais.
A Coordenação de Políticas para os Povos Indígenas atua sob supervisão da Secretaria da Justiça e Cidadania. O órgão foi criado pela atual gestão estadual e atende a uma demanda do Conselho Estadual dos Povos Indígenas de São Paulo para aprofundar as ações do poder público para comunidades originárias e ampliar a participação social das etnias que vivem no estado.
Formado em pedagogia pela Universidade de São Paulo, o cacique Cristiano tem 38 anos e é coordenador pedagógico da Secretaria da Educação. Ele também presidiu o Conselho Estadual dos Povos Indígenas de São Paulo, que há 18 anos é um dos órgãos de representação da sociedade civil no organograma da Secretaria da Justiça e Cidadania.
“É um momento de muita alegria para a comunidade indígena de São Paulo participar desse momento. A coordenadoria é uma solicitação antiga, e felizmente tivemos a oportunidade de sermos ouvidos nesse momento”, afirmou o coordenador de Políticas para os Povos Indígenas, Cristiano Awa Kiririndju .
“É a voz que precisamos ter em relação à educação, saúde, proteção territorial e a qualidade de vida. A população de São Paulo indígena precisa ter esse acesso governamental”, acrescentou o cacique, que é da etnia tupi-guarani e vem da aldeia Renascer. Encravada no Litoral Norte, dentro do Núcleo Picinguaba – um dos dez mais importantes do Parque Estadual da Serra do Mar – a comunidade tupi-guarani é símbolo da luta dos povos indígenas por direitos e autonomia.
A Renascer é formada por 23 famílias indígenas – 105 adultos e 63 crianças – que vivem da agricultura familiar, do cultivo do palmito pupunha e da pesca em um açude. A aldeia possui uma escola indígena multilíngue, uma casa de reza e várias residências tradicionais para as famílias.
Recentemente, a Fundação Florestal de São Paulo autorizou o credenciamento dos integrantes da aldeia Renascer como “guardiões da Mata Atlântica”, com treinamento e apoio de drones e câmeras. A comunidade também conseguiu recursos públicos para a construção de um centro cultural e de convenções no local.