A presença feminina em cargos de gestão ainda é um desafio no Brasil. Um estudo conduzido pela FIA Business School, divulgado em março de 2024, mostra que apenas 38% dos cargos de liderança no Brasil são ocupados por mulheres. Ainda que o foco do levantamento tenha sido grandes empresas sediadas no país, na área da ciência o cenário é semelhante, mulheres ainda lutam para ocupar os espaços de gestão.
O apoio do Governo de Minas tem mudado essa realidade. Um dos exemplos de liderança feminina na área científica é a pós-doutora, pesquisadora e chefe do departamento de Química da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Arilza Porto, que começou a carreira acadêmica com auxílio da bolsa de iniciação científica concedida pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e depois continuou no mestrado e doutorado.
No departamento de Química da UFMG, ela recebeu, em diversos momentos, apoio do Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede-MG) e da Fapemig, para desenvolver pesquisas em áreas como química forense, alimentos, solução de problemas ambientais e, mais recentemente, transição energética.
Como pesquisadora do Laboratório de Materiais e Pilhas a Combustível (Lampac), unidade que conta com a parceria da Cemig, Arilza vem trabalhando na caracterização de filmes finos usados no processo de reforma de etanol para a produção de hidrogênio, com foco em energias limpas e renováveis.
“Considero de grande importância a participação feminina nos cargos de gestão nos departamentos e institutos das universidades, presidências, diretorias e conselhos das sociedades científicas, órgãos de fomento à pesquisa e bancas de concursos e processos avaliativos na universidade”, diz Arilza.
Ela destaca a importância de uma maior diversidade para a solução dos problemas científicos de grande complexidade. “Precisamos ter, cada vez mais, mulheres trabalhando na inovação e no desenvolvimento de produtos que atendem à sociedade em projetos que vão desde a área de mineração até a transição energética”.
Pesquisas na área Stem
Arilza Porto conta que, na área de Química, no Brasil, as mulheres compõem aproximadamente 53% do total de bolsistas de Iniciação Científica (alunos na graduação). Porém, a composição feminina do corpo docente das universidades nesta área é de apenas 42% de mulheres em cursos de graduação (2019) e 36% em cursos de pós-graduação (2018).
“À medida que se avança na carreira científica, observa-se uma drástica redução. Considerando a autoria de mulheres nos 20 artigos mais citados com autores brasileiros entre 1969-2018 (Web of Science), observa-se que a participação feminina não passa de 20%. Analisando todo o período, 80% dos artigos não tinham nenhuma mulher”, conta.
A pesquisadora defende a conscientização sobre a importância da participação das mulheres e meninas nas áreas de Ciência, Tecnologia e Inovação e nas áreas denominadas de Stem (acrônimo em inglês para Science, Technology, Engineering and Mathematics).
Para ela, equidade de gênero passa pela definição de políticas específicas que garantam e estimulem o engajamento feminino nas áreas de ciências duras (hard science) – Física, Química e Matemática, desde o ensino básico até a universidade.